Os discursos da governadora Raquel Lyra (PSD), nos últimos dias, têm sido marcados pelo tom de enfrentamento. “Vamos pra cima!”, disse ela, com ênfase, na Zona da Mata Norte, em pronunciamento divulgado em suas redes sociais nesta quarta-feira (09/07). “Quem teve a oportunidade de fazer e não fez, não venha nos cobrar aquilo que não fizeram em mais de década”, afirmou, em outro momento, acrescentando, novamente de forma enfática: “E mais do que isso, não atrapalhem o desenvolvimento do nosso estado!”.
Atrás nas pesquisas realizadas até agora, e correndo contra o favoritismo atribuído ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), a governadora está falando em um estilo que parece mais próprio de quem está na oposição do que quem se encontra no governo. É um discurso de quem, sentindo-se em posição desfavorável, resolve queimar as caravelas e partir pra cima – como se quisesse passar para o público a versão de que eventuais problemas de gestão são “culpa do outro”, não do governo. Talvez seja uma estratégia arriscada, mas a governadora é uma política experiente, deve ter clareza sobre o que está fazendo.
AÇÃO E REAÇÃO
Em outro pronunciamento, em Jaboatão dos Guararapes, segunda-feira (07/07), a governadora disse: “Não estamos aqui para fazer de conta, ou botar na televisão propaganda que não é igual à realidade do nosso povo. Tem quem acredita que quanto mais atrapalha, melhor para o seu projeto político de poder”. Não nominou o(s) criticado(s), mas é plausível supor, em relação à primeira frase, que esteja se referindo a João Campos.
A “propaganda na TV diferente da vida real” foi a bandeira do candidato de Raquel à prefeitura do Recife, em 2024, Daniel Coelho, com resultados desanimadores: ele teve apenas 3,21% dos votos válidos, ficando em quarto lugar, atrás de Dani Portela (PSOL), que ficou em 3º lugar, de Gilson Machado (PL), 2º, e do próprio prefeito, que se reelegeu no primeiro turno.
A governadora criticou também a Assembleia Legislativa, no dia 3, cobrando pressa na autorização de empréstimos para o governo do estado. “A gente não pode discutir o futuro de Pernambuco baseado em discussão política menor”, disse ela.
A fala foi rebatida pelo deputado Waldemar Borges (PSB) e pelo presidente da Assembleia, Álvaro Porto (PSDB). Ambos afirmaram que a Assembleia já liberou empréstimos para o estado no valor de R$ 9,2 bilhões, e que o problema está na “incapacidade do governo” em executar projetos.
