Um dia após ter sido acusado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), de ser o “cabeça” de milícias digitais que atacavam opositores do governo no estado, o jornalista e economista Manoel Medeiros Neto, assessor especial da governadora Raquel Lyra (PSD), pediu exoneração no final da tarde desta quinta-feira (21/08). Manoel é também conselheiro da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e da Agência de Empreendedorismo estadual (AGE).
Ele postou em suas redes sociais a carta que escreveu para a governadora pedindo o desligamento.
O deputado Álvaro Porto afirmou, em discurso em plenário, na quarta-feira (20/08), que Manoel Medeiros foi o autor das denúncias anônimas contra a deputada Dani Portela (PSOL), postadas em uma lan house de um shopping do Recife, em um sábado (09/08) à noite. Porto divulgou vídeo que mostrava o assessor no estabelecimento (veja matéria sobre o caso aqui: https://blogdovandeck.com.br/presidente-da-assembleia-diz-que-cabeca-de-milicias-digitais-esta-montada-no-gabinete-da-governadora/)
Em sua carta à governadora, Manoel afirma: “Agi como cidadão, pela minha própria e exclusiva vontade, conectado a uma militância responsável contra a corrupção que acompanha a minha trajetória desde cedo e é conhecida por muitos”.
Ele trabalhou com Priscila Krause (atual vice-governadora) de 2011 a 2022. Fez parte do comitê de transição da governadora eleita Raquel Lyra no final de 2022. Exerceu o cargo de secretário executivo de Informações Estratégicas da Secretaria de Comunicação de 2023 até 31 de julho de 2024, quando se desligou para participar da campanha de Daniel Coelho à prefeitura do Recife. Em 1º de novembro de 2024 foi nomeado para a assessoria especial da governadora.
Veja a íntegra da carta dele para a governadora, pedindo desligamento do governo:
Prezada governadora Raquel Lyra,
Pernambuco é terra de liberdade e há de defendê-la sempre. Como visto e amplamente noticiado, estou sendo vítima de um baixíssimo golpe de violência política patrocinado pelo presidente do Poder Legislativo estadual simplesmente porque agi livremente, como um cidadão deve viver numa democracia. Ação sem precedentes na história recente de Pernambuco e comparável a momentos de subjugação da liberdade já vividos.
Uma violência praticada aos olhos de todos e declaradamente realizada com aparato público: a Superintendência de Inteligência do Legislativo, que ilegalmente devassou a minha vida e expôs minha imagem na internet e nas TVs (“imagem cedida pela Alepe”). A respeito disso, acionei meus advogados e processarei nas instâncias cabíveis os responsáveis, declaradamente autores da investigação pessoal contra mim, oficializada com o carimbo da Casa de Joaquim Nabuco e sem decisão Judicial. Nesta sexta-feira, irei à delegacia registrar ocorrência e pedir investigação.
Agi como cidadão, pela minha própria e exclusiva vontade, conectado a uma militância responsável contra a corrupção que acompanha a minha trajetória desde cedo e é conhecida por muitos. Saber fazer jornalismo em busca do bem comum, com provas, documentos, contraditórios e informações seguras assusta muitos. Incomoda demais. E mesmo sem temer, registro aqui a existência de ameaças veladas, vinculadas a velhas formas de fazer política, que exigem uma atenção para com minha integridade física.
Diante de tudo isso, tanto para dar seguimento à busca pela justiça, como para manter e fortalecer o meu ofício jornalístico, que é propósito de vida, comunico o pedido de desligamento da gestão estadual. Tenho orgulho de ter feito parte da gestão da senhora, contribuindo efetivamente para virarmos a página de um Pernambuco dos coronéis, quando a administração do Estado era usada em benefício de poucos.