A Praça Artur Oscar, que todos nós conhecemos como Praça do Arsenal, no Bairro do Recife, teve suas obras de requalificação concluídas e o espaço foi colocado à disposição do público nesta segunda-feira (13/10). O projeto da praça foi concebido pelo paisagista Roberto Burle Marx, em 1934. Ao longo dos anos, sofreu modificações – estava até com grades, item que não constava da concepção original. A restauração excluiu as grades e inspirou-se no traçado inicial, buscando resgatar o valor histórico e paisagístico do local, unindo preservação e elementos contemporâneos.
“A praça foi reestruturada e revitalizada para trazer o seu conceito original, projetado por Burle Marx, em 1934, e concluída em 1937. Mas ao longo do tempo, ela acabou sofrendo desconfigurações, foram colocadas grades, uma fonte, mudou a composição paisagística, e a gente agora reformou trazendo a releitura original”, explicou o prefeito João Campos (PSB). “Ela tá muito bonita e acessível, à disposição de todos os recifenses”.
A intervenção foi realizada pelo Moinho Recife, com o apoio da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), em parceria com o Programa Recentro, e consultoria técnica do Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O investimento foi de R$ 1,8 milhão, sendo 90% custeados pela iniciativa privada, através de medida de mitigação do Moinho, e o restante pelo município. A execução das obras ocorreu de julho a outubro deste ano.
O novo desenho recupera características originais do projeto de Burle Marx, como a esplanada livre em lajotas de concreto, o jardim circular central e o cinturão arborizado. A proposta também incorporou releituras modernas, a exemplo da borda ondulante do jardim e dos novos bancos de concreto. A vegetação foi recomposta com espécies adaptadas à salinidade e contrastantes em textura e cor, como iucas-gigantes, clúsias, furcréias, espadas-de-são-jorge, babosas, agaves e forrações de onze-horas. Árvores originais, como oitis-da-praia e castanholas, foram mantidas, reforçando a continuidade da paisagem histórica.
“O projeto Burle Max foi originalmente concebido como uma grande malha de concreto entremeada por faixas de grama e um canteiro central com vegetação resistente à salinidade”, explicou Celso Vinícius Sales, arquiteto e superintendente de Paisagismo da Emlurb. “Na retomada atual, o espaço foi reinterpretado com adaptações contemporâneas, mantendo as palmeiras originais e ampliando o canteiro central, que agora possui uma borda ondulante de 1,20m, permitindo que as pessoas caminhem sobre ela e observem melhor a vegetação. Os bancos também ganharam nova leitura: substituíram os antigos pré-moldados por alegretas maiores e assentos de concreto de alto desempenho, mais confortáveis e duráveis. O projeto, que já havia rompido com o paisagismo europeu ao propor um desenho moderno e funcional, mantém sua essência ao adaptar-se à nova dinâmica do bairro do Recife, hoje menos comercial, mas ainda um importante polo cultural da cidade”.
BURLE MARX NO RECIFE
Principal nome do paisagismo brasileiro, e referência internacional no setor, Burle Marx trabalhou no Recife de 1934 a 1937, como diretor do Setor de Parques e Jardins da Diretoria de Arquitetura e Urbanismo do Governo do Estado. Na capital pernambucana ele fez seus primeiros projetos para espaço públicos.
Em março de 2016, por decreto do prefeito Geraldo Júlio (PSB), 15 praças projetadas por ele receberam o título de Jardins Históricos, categoria que lhes coloca como “monumentos vivos”, em virtude de sua composição arquitetônica e de sua vegetação. Uma dessas praças foi a do Arsenal (Artur Oscar), agora requalificada.
