Política e economia de Pernambuco e do Nordeste

Política e economia de Pernambuco e do Nordeste

Parece IA, mas são os dois presidentes em carne e osso, durante encontro na Malásia (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

“Uma ótima reunião”, diz Lula após encontro com Trump na Malásia

Três meses e meio depois de o presidente Donald Trump (EUA) enviar carta ao presidente Lula comunicando um tarifaço sobre produtos brasileiros, os dois se encontraram na Malásia, neste domingo (26). “Uma ótima reunião”, disse Lula depois do encontro. “Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral. Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, completou, em postagem na rede social X.  Os dois presidentes participaram da 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Kuala Lumpur, capital da Malásia. 

Em resumo: a articulação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL/SP) para os EUA pressionarem o Brasil acabou montando um palco internacional para Lula, e agora com Donald Trump ao lado.

Em entrevista à BBC Brasil, o cientista político Hussein Kalout considerou o encontro uma “tremenda vitória” do petista, que “terá impacto eleitoral significativo” em 2026.

SEM DESAVENÇAS

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, definiu a reunião como “muito produtiva” e “positiva”, marcada por um tom “descontraído”. Segundo ele, Lula fez dois pedidos a Trump: o fim do tarifaço e a revogação da aplicação da Lei Magnitsky a autoridades brasileiras. Mauro Vieira afirmou ainda que em determinado momento Trump manifestou ter “grande admiração” por Lula.

Na conversa com jornalistas, antes da reunião, Trump foi perguntado sobre Bolsonaro. “Eu sempre gostei dele. Eu me sinto muito mal pelo que aconteceu”, respondeu. A jornalista Raquel Krähenbühl, da GloboNews, questionou se a situação do ex-presidente estaria na lista de assuntos a serem discutidos com Lula. “Não é da sua conta”, cortou Trump, secamente.

Depois do encontro, integrantes da delegação brasileira contaram a repórteres do Brasil que Lula chegou a mencionar Bolsonaro, ao falar das sanções aplicadas ao país e do cancelamento de vistas de autoridades, como o ministro Alexandre Moraes, do STF. Afirmou que Bolsonaro teve um julgamento correto e com amplo direito de defesa. Trump ouviu calado, sem fazer nenhum comentário sobre o assunto, de acordo com as informações dos representantes brasileiros.

Na parte aberta da reunião para cobertura de imprensa, Lula disse a Trump que não há razão para desavenças com os Estados Unidos (confira na postagem da GloboNews).

O clima amigável da reunião na Malásia diverge do tom empregado por Trump na carta sobre o tarifaço, endereçada a Lula em 9 de julho passado, na qual o presidente americano foi enfático sobre Bolsonaro, inclusive usando palavras grifadas em maiúsculas e ponto de exclamação, como se vê logo no primeiro parágrafo, transcrito abaixo, na íntegra:

“Conheci e lidei com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”

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Foto de Vandeck Santiago
Vandeck Santiago
Jornalista e escritor