Desde a redemocratização do Brasil, nenhum governador de São Paulo que disputou a eleição para presidente da República teve sucesso. Foram quatro: Paulo Maluf, Orestes Quércia, José Serra e Geraldo Alckmin. Nomes da direita, centro e centro-esquerda, todos politicamente habilidosos, com gestão aprovada pela população e presença frequente na mídia nacional – nenhum ganhou. A redemocratização ocorreu em 1985, a primeira eleição direta para presidente em 1989.
“Ah, isso é só uma curiosidade, assim como dizer que quem perde em Minas não ganha a eleição” – Huuum, talvez. Mas há razões para supor que é um pouco mais do que isso. Trata-se de um padrão das eleições nacionais (ao todo, seis disputas presidenciais, dado que Serra e Alckmin concorreram duas vezes, cada um) em um amplo recorte de tempo.
Um padrão que deve ter algum significado – e aí, na falta de um motivo concreto, objetivamente comprovável, entramos no terreno das suposições. A opulência de São Paulo, estado mais rico e desenvolvido do país, causa algum impacto específico nas mentes e corações dos eleitores do resto do país? Estes eleitores sentem-se politicamente “distantes” de um nome que concorre como sendo uma espécie de representante oficial de São Paulo? O fato de o candidato ter sido governador de São Paulo alimenta alguma rivalidade regional? Os quatro governadores que perderam a eleição presidencial passaram para o eleitor a convicção de que sabiam que, embora estando juntos e misturados, São Paulo é uma coisa e o Brasil, outra? Ou nada disso faz sentido e essa tradição é apenas, de fato, uma curiosidade?… Suposições sem fim. Se Tarcísio de Freitas for candidato e não ganhar, ou ganhar, a gente volta a conversar.