Pelo segundo ano consecutivo, os estados do Ceará, Pernambuco e Bahia são os grandes vencedores da ONHB (Olimpíada Nacional em História do Brasil), promovida pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). O Ceará conquistou o 1º lugar, com 28 medalhas, seguido por Pernambuco, em 2º, com 14 medalhas, e em 3º a Bahia, com 8 medalhas. Após seis etapas eliminatórias (online), a prova final foi realizada de forma presencial neste sábado (30/08), no campus da Unicamp, em Campinas (SP), com a participação de 1,4 mil estudantes de todo o país. A cerimônia de entrega das medalhas ocorreu neste domingo (31/08).
Apenas 14 estados foram premiados (com medalhas de ouro, prata e bronze).
Do Sudeste, os mais bem colocados foram São Paulo e Minas Gerais, com 6 medalhas cada um, ficando na 4ª e 5ª colocação.
Do Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, cada um deles com 1 medalha, e ocupando a 11ª e 12ª colocação.
Brasília, capital do país, não conquistou nenhuma medalha.
MUDANÇAS NO NORDESTE
Prestem atenção neste mapa dos estados medalhistas, divulgado pela Unicamp. O Brasil que aparece aí é totalmente diferente daquele que costuma ser percebido pelo senso comum – no qual o Nordeste só costuma estar em evidência compondo “estatísticas da desgraça”, segundo apropriada expressão do brasilianista Robert Levine.
No mapa da Olimpíada da Unicamp o Nordeste que aparece é outro – com um domínio absoluto sobre as regiões mais desenvolvidas do país.
Nas três últimas Olimpíadas de História, o Nordeste sempre pontuou nos primeiros lugares. Em 2023, na 15ª ONHB, os vencedores foram, pela ordem, Ceará, São Paulo e Pernambuco. Em 2024, o “trio nordestino” se fez presente: Ceará, Bahia e Pernambuco. E agora, em 2025, Ceará (1º lugar pelo 3º ano seguido), Pernambuco e Bahia.
Há algo de espantoso em um resultado com tal dimensão, em uma disputa com todos os estados do Brasil, organizada pela segunda maior universidade do Brasil. Trata-se de região menos desenvolvida superando as mais desenvolvidas em um terreno estratégico, o do conhecimento.
E não é um fato isolado – nesta área, o Nordeste vem obtendo protagonismo no percentual de escolas com ensino em tempo integral, em notas do Enem, na lista de aprovados em vestibulares nacionalmente concorridos (como o do ITA), em resultados positivos nas diversas competições de conhecimento existentes no Brasil.
É a partir dos anos 2000 que a situação começa a mudar, segundo estudos da economista Tania Bacelar.
MEDALHAS DE CRISTAL
A disputa na ONHB é feita por equipes de três estudantes e um professor orientador. Das etapas eliminatórias até a final, a Olimpíada teve 225 mil participantes, compondo 57 mil equipes, de escolas públicas e privadas.
Na final, todos os que não ganharam medalhas de ouro, prata ou bronze receberam uma “Medalha de Cristal”, de Honra ao Mérito, por ter chegado na última etapa da competição.
PERNAMBUCO
Entre as escolas de Pernambuco vitoriosas na ONHB estão o Colégio Núcleo (rede privada), com 10 medalhas: duas de ouro, três de prata e 5 de bronze, e o Colégio da Polícia Militar (rede pública estadual), com uma medalha de prata.

