Política e economia de Pernambuco e do Nordeste

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Sai Raquel, então João (Foto principal: Lucas Patrício/Divulgação - Foto menor: Divulgação)

Anatomia de um rompimento: Álvaro Porto, de aliado de primeira hora a pedra no sapato de Raquel Lyra

Quando amanhã se for escrever a história do governo Raquel Lyra (PSD) um capítulo especial deve ser creditado ao deputado Álvaro Porto (PSDB). 

Em três anos ele passou de um entusiasmado aliado para um fervoroso adversário. Com o detalhe de que agora ele está mais poderoso que antes. Na fase de “aliado”, era candidato a deputado estadual; agora, é presidente reeleito da Assembleia Legislativa de Pernambuco e tem um filho candidato a deputado federal. 

Em março de 2022, Álvaro Porto carregou um palanque inteiro para a campanha de Raquel, em um período em que a ida para o segundo turno era uma incógnita. Candidato a um terceiro mandato de deputado estadual, Álvaro levou consigo dois prefeitos, o de Canhotinho, Sandra Paes, sua mulher, no Agreste Meridional, e o de Quipapá, Alvinho Porto (seu filho), na Zona da Mata Sul, e mais vereadores e políticos locais.  

Hoje ele considera que a adesão a Raquel Lyra foi “um erro muito grande”, a ponto até de pedir desculpas pelo apoio que lhe deu, como disse neste domingo (21/12), ao receber em sua fazenda, em Canhotinho, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), principal adversário da governadora na disputa pela chefia do Executivo estadual. 

“Esse terraço aqui tem um simbolismo grande. Aqui, há três anos, foi lançada a candidatura da atual governadora, onde ela não entregou nada a Pernambuco. E eu quero, onde eu lancei a candidatura dela, pedir desculpas aos pernambucanos”, afirmou o deputado, conforme matéria de Rodrigo Fernandes e Pedro Beija, do Jornal do Commercio. 

Não é a primeira vez que ele reclama do apoio que deu a Raquel.  Em 5 de abril passado, ao falar sobre a relação com a governadora, afirmou: “A pior coisa que existe na política é a ingratidão”. 

Álvaro Porto vem de uma família com origem política na antiga Arena. Começou sua carreira elegendo-se prefeito de Canhotinho, em 2004, pelo PFL. Foi um contundente crítico dos últimos governos do PSB, partido que era, e continua sendo, o principal alvo das críticas de Raquel. Não é, e nunca foi, um adesista. Tampouco oportunista. Outras críticas podem ser feitas a ele; estas, não. 

O que o levou, em três anos, a ir da adesão à rejeição à candidata que derrotou o PSB deve ser uma interessante história não só para a política, como para outras áreas profissionais: é um relato sobre as expectativas frustradas de alguém que sabe que ajudou a construir o poder e acabou se sentindo escanteado por ele. 

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Foto de Vandeck Santiago
Vandeck Santiago
Jornalista e escritor