Política e economia de Pernambuco e do Nordeste

Política e economia de Pernambuco e do Nordeste

Ceará é o principal exportador do Nordeste para os EUA (Foto; Divulgação/Prefeitura de Fortaleza)

Ceará, Bahia e Maranhão serão os estados do Nordeste mais afetados pelo tarifaço de Trump, diz Sudene

Estudo divulgado pela Sudene mostra que Ceará, Bahia e Maranhão serão os estados do Nordeste mais atingidos pela tarifa de 50% imposta pelo governo Trump para produtos brasileiros. Os três são os principais exportadores da Região para os EUA. O Nordeste pode perder R$ 16 bilhões com a medida, valor das exportações realizadas em 2024. No primeiro semestre de 2025, elas somaram R$ 8,7 bilhões, tendo como principal exportador o Ceará, seguido por Bahia e Maranhão. Juntos, eles representaram 84,1% do total exportado. 

Para o superintendente da Sudene, Danilo Cabral, não há ganhadores com o aumento da tarifa, só perdedores. “O mercado nordestino importou quase R$ 6 bilhões em produtos dos Estados Unidos, em 2024. Ou seja, R$ 33,5 bilhões. Aplicando a regra da reciprocidade, eles têm bem mais a perder do que a ganhar com a medida do seu presidente”, argumentou.

IMPACTO REGIONAL

“Será uma perda significativa para a economia regional, caso este mercado seja fechado, uma consequência natural diante do aumento expressivo nos preços de mercadorias, conforme a lei da oferta e da procura mostra”, avaliou o economista José Farias, coordenador de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação, departamento da Sudene responsável pelo estudo.  

Segundo ele, com o aumento da tarifa os compradores norte-americanos naturalmente procurarão outros fornecedores no mercado mundial, com reflexo na perda do PIB e de empregos. “E trazendo consequências indiretas bem mais pesadas sobre a cadeia produtiva regional, pois os produtos exportados, em geral, suportam uma longa cadeia de atividades no território, mesmo para aqueles produtos primários, como é o caso do cacau enviado para os EUA”, afirmou o economista.

O aumento pode levar a perdas relevantes para os pequenos agricultores e até mesmo para a indústria, principalmente nos estados que mais exportam para os Estados Unidos, explicou Farias: “Estamos falando de uma pauta muito diversificada, indo desde ligas de aço, passando por pastas químicas, pneus e variados produtos da agropecuária”.

Entre os produtos exportados do Ceará destacam-se aço, frutas, pescados e calçados, que têm alta concentração em produtos com valor agregado médio, que podem perder competitividade com taxação adicional, disse ele. Na Bahia, no primeiro semestre do ano, os principais foram cacau, óleos, pneumáticos e frutas, com impacto significativo em setores como cacau (US$ 46 milhões) e pneumáticos (US$ 42 milhões). Já no Maranhão, pastas químicas e minérios são os que lideram a pauta de exportação para os Estados Unidos.

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Foto de Vandeck Santiago
Vandeck Santiago
Jornalista e escritor
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