Política e economia de Pernambuco e do Nordeste

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Trump na entrevista em que disse não entender a pergunta da jornalista Sonia Dridi, da França (Reprodução)

Trump e o sotaque de jornalistas estrangeiros: “Não entendo uma palavra”

Até eu, que sempre confundo chicken com kitchen (e vice-versa), entendo o que a repórter está perguntando… Mas o Trump, não. Dirigindo-se à ministra da Justiça, Pam Bondi, que está ao seu lado, diz que não entendeu o que a jornalista (Sonia Dridi, da França) perguntou. O caso ocorreu no final do mês passado, durante entrevista na Casa Branca. 

“Você pode repetir isso mais alto, por favor?”, diz Trump para a jornalista. Ela repete,  em um tom mais alto e mais espaçado. A pergunta, sobre a situação em Gaza, menciona que o Parlamento israelense votou sobre a anexação da Cisjordânia e indaga o presidente se isso ameaça os “esforços de paz” dele. 

Trump continua sem entender.  “De onde você é?” Sonia responde que é francesa. “França? Belo sotaque”, diz ele, mas complementa afirmando que continua sem entender.

Não sei se é o caso, mas o fato é que quando não há disposição para compreender o que o outro diz, não importa como o outro fala. 

Coincidentemente, esta foi a terceira vez que o presidente reagiu de forma semelhante a perguntas de jornalistas estrangeiros. “Você tem uma voz bonita e um sotaque bonito. O único problema é que não entendo uma palavra do que você diz. Mas vou apenas dizer o seguinte. Boa sorte e viva em paz”, disse para uma repórter afegã. 

O segundo caso foi com um repórter indiano. “É o sotaque, é um pouco difícil para mim”, afirmou Trump, depois de igualmente pedir que o jornalista falasse mais alto. 

A imprensa noticiou também que uma deputada do Partido Republicano fez postagem em rede social criticando a mídia estrangeira. “E o que dizer sobre o sotaque dessa jornalista?”, indaga a parlamentar, referindo-se exatamente à repórter francesa. “Acho que devemos nos livrar de toda a imprensa estrangeira! Mídia americana em primeiro lugar!”. 

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Vandeck Santiago é jornalista e escritor. Trabalhou na VEJA, Folha de S. Paulo e Diario de Pernambuco. Venceu 15 prêmios jornalísticos, entre os quais o Prêmio Esso, o Prêmio Embratel e o Prêmio BNB. É autor de “Pernambuco em chamas – A intervenção dos EUA e o golpe de 1964” (CEPE, 2016) e de “Josué de Castro – o gênio silenciado” (Instituto Maximiano Campos, 2008).