A atriz e apresentadora Regina Casé interpretou tantos papéis marcantes de personagens nordestinos, falou tanto de Nordeste em seus programas, que muita gente pensa que ela nasceu na região, e não no Rio de Janeiro, como de fato ocorreu. Mas desde a noite desta segunda-feira (15/12) ela é também, e com direito a diploma e tudo, pernambucana. Regina recebeu na Assembleia Legislativa de Pernambuco o Título de Cidadã Pernambucana, proposto pelo deputado Waldemar Borges (MDB). A cidadania foi dupla: na mesma solenidade foi entregue o Título de Cidadã Recifense, proposição do vereador Eriberto Rafael (PSB).
“Estou acertando uma coisa que já era”, disse Regina Casé. “As pessoas me encontram e dizem: ‘Minha conterrânea!’ E eu respondo, ‘Claro!’. Mas sou carioca. Hoje as pessoas que me encontraram perguntavam o que vim fazer no Recife e eu respondia que vim receber os títulos. As pessoas se espantavam, pois achavam que eu sou daqui. Então, estou acertando uma coisa que já era”, completou.
O deputado Waldemar Borges destacou em seu discurso a trajetória artística da atriz e apresentadora e o afeto que o pernambucano tem por ela. “Nós estamos aqui reconhecendo o que o coração do nosso povo já sabia há muito tempo: Regina sempre foi nossa”, afirmou ele. “Regina sempre foi vanguarda e fez algo, particularmente, revolucionário e de um alcance gigantesco: num tempo em que a televisão brasileira muitas vezes virava as costas para o Brasil real, ou o retratava de forma caricata. Regina pegou sua câmera e foi para a rua. Mas não para a rua dos cartões postais. Ela foi para a feira, para o terreiro, para a comunidade, para o sertão. Ela nos ensinou que a cultura de periferia não é uma ‘subcultura’”. Dirigindo-se para ela, completou: “Você, Regina, nunca olhou para o Nordeste com o olhar estrangeiro, como quem está vendo o ‘exótico’; você sempre olhou com o olhar cúmplice de quem se reconhece no espelho.”

O vereador Eriberto Rafael pontuou as aproximações do Recife com a artista. “Hoje, o Recife vive um daqueles momentos em que a cidade se olha no espelho da sua própria cultura e se reconhece. E se reconhece porque a arte tem esse poder: o de revelar quem somos, de onde viemos e para onde queremos ir. Regina nunca fez arte de longe. Sempre fez arte de perto, ouvindo, convivendo, aprendendo e reverberando histórias que, muitas vezes, não tinham espaço nas grandes vitrines do país. E é exatamente por isso que o Recife se vê em você, Regina”, disse ele.
Tanto Waldemar quanto Eriberto lembraram as raízes pernambucanas de Regina Casé: o seu avô, Ademar Casé, nasceu em Belo Jardim, tendo feito carreira no Rio de Janeiro, onde se tornou um dos pioneiros do rádio no Brasil.
CERIMÔNIA
Na Assembleia, Regina Casé foi recebida e conduzida ao auditório pela Banda de Pífanos Zabumba do Mestre Chiba, do Cabo de Santo Agostinho. Depois houve a apresentação do Coral Vozes de Pernambuco, da Assembleia Legislativa, e do Maracatu Fantástico Cabra Alada, do Recife. O deputado João Paulo (PT) presidiu a solenidade. Além do deputado Waldemar Borges, do vereador Eriberto Rafael e de Regina Casé, compuseram a mesa o marido dela, Estêvão Ciavata; a secretária municipal de Cultura, Milu Megali, representando o prefeito João Campos (PSB); o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Marcelo Canuto; o presidente da Associação dos Empresários de Pernambuco, Fernando Mendonça, e a cantora Michele Melo.



