Ariano Suassuna uma vez lhe disse: “Não atenda aos modismos e defenda sempre a sua visão do mundo”. É isso que o pernambucano Raimundo Carrero vem fazendo livro após livro – hoje (quinta-feira, 3) ele lança o mais recente, A vida é traição, pela Editora Record. Será às 17h, na Livraria Jaqueira, no Paço Alfândega, Bairro do Recife. Além da tradicional sessão de autógrafos, haverá um bate-papo com o autor.
Em A vida é traição, segundo briefing da Amazon (onde o livro está à venda), “Carrero nos leva a um mergulho profundo na psicologia humana, tecendo uma narrativa intensa e provocadora. A história acompanha Solano, um homem consumido pela culpa e pela tristeza, que, ao mesmo tempo, vê-se dominado por desejos conflitantes. Desde a infância, ele carrega o peso de ter desejado a morte da mãe – um desejo que, ao se concretizar, o afasta da redenção. Em um momento crucial de sua vida, ele é brutalmente espancado e acusado de assassinar a mãe. Enquanto sofre essa violência, revive a dor da perda, a condenação que carrega em seu coração e momentos decisivos de sua infância”.
Nascido em 1947, em Salgueiro, no Sertão, Carrero é um dos principais nomes da literatura brasileira e um dos mais premiados do país. Sofreu um AVC em 2010, que lhe deixou o lado esquerdo comprometido – mas não parou de escrever. A própria doença virou tema de uma de suas obras, O senhor agora vai mudar de corpo (2015).
Carrero vem ganhando prêmios desde o início da carreira. Venceu o prêmio José Condé, em 1984 (Pernambuco); o Lucilo Varejão, em 1986 (PE), e o Revelação do Ano, em 1987 (RS). Mais tarde vieram conquistas nacionais como, entre outros, o Prêmio Jabuti, em 2000; o Prêmio São Paulo, em 2010, e o Prêmio APCA de Melhor Romancista do Ano, em 1995 e 2015. Suas obras estão traduzidas na França, Romênia, Uruguai e Bulgária. Em 2010
Como se não bastasse, é gente boa pra caramba, contador de história daqueles que a gente não tem vontade de sair de perto.
Carrego no coração sugestão que ele me deu para uma reportagem especial que eu estava escrevendo para o Diario de Pernambuco, em 2004, sobre Josué de Castro. Eu estava sem encontrar um título que me agradasse e, na véspera da publicação, encontrei Carrero às voltas com um generoso prato de galinha à cabidela, no Bar do Geraldo, em Santo Amaro. Puxei uma cadeira, pedi ao garçom uma inofensiva omelete e quando comecei a falar da minha dificuldade em encontrar um bom título para a reportagem, Carrero deixou a galinha à cabidela em paz por um momento e disse: “Bota assim: Josué de Castro, o gênio silenciado”. Botei, deu certo, a reportagem acabou virando livro – até hoje guardo a convicção absoluta de que tudo de bom que aconteceu com esse trabalho foi por ele ter sido tocado por Carrero.