Política e economia de Pernambuco e do Nordeste

Política e economia de Pernambuco e do Nordeste

Equipes finalistas da 17ª ONHB (Reprodução de card da ONHB)

Nordeste supera por larga margem o Sudeste e o Sul na Olimpíada de História da Unicamp

Pega o mote aí, cantador: Tem algo se movendo nas profundezas do Nordeste. 

Atenção para o mapa acima. Ele acaba de ser divulgado pela Unicamp, com resultados que mostram um Brasil completamente diferente daquele que estamos acostumados a ver – neste Brasil aí o Nordeste lidera disparado. Os números informam o total de equipes que se classificaram para a final da 17ª Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB), a ser realizada em 30 e 31 de agosto, no campus da universidade, em Campinas (SP). Nesta edição a ONHB teve recorde de grupos inscritos: 57.142, com mais de 225 mil estudantes de todas as regiões, do Ensino Fundamental (8º e 9º anos) e Ensino Médio. 

De todos os estados do país, os três com mais classificados para a final são do Nordeste. Em primeiro lugar está o Ceará, com 107 equipes finalistas. Depois vem Pernambuco, em 2º lugar, com 48 equipes. E a Bahia em 3º, com 33. O número de finalistas do Ceará é praticamente o mesmo das regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte, juntas (113). 

Do Sudeste, o estado melhor colocado foi São Paulo, com 19 equipes, em 4º lugar. Do Sul, o Rio Grande do Sul, com 12, em 8º. 

Desculpem-me se exagero, mas os números contidos neste mapa, de uma competição nacional realizada pela segunda maior universidade do Brasil*, estes números são espantosos. Trata-se de região menos desenvolvida superando as mais desenvolvidas em um terreno estratégico, o do conhecimento. 

Praticamente em todo o século 20, com uma exceção aqui, outra acolá, o Nordeste sempre aparecia em evidência compondo “estatísticas da desgraça”, para usar adequada expressão do brasilianista Robert Levine. 

É a partir dos anos 2000 que a situação começa a mudar, segundo estudos da economista Tania Bacelar.  

Vejam os títulos de matérias dos grandes veículos de mídia. Desapareceram manchetes como “Cearenses comem lagarto para não morrer de fome” (Jornal do Brasil, 23/08/1983) e surgiram outras como:

“Ideb 2023: das 50 cidades com maiores notas no fim do ensino fundamental, 36 são do Nordeste” (O Globo, 15/08/2024);

“Estudantes do Nordeste conquistaram maior número de medalhas na final da Olimpíada de História” (Jornal da Unicamp, 26/08/2024);

“Censo Escolar 2023: veja os estados com maiores taxas de ensino integral” (Revista Exame, 23/02/2024” (Dos 5 estados do Brasil com mais alunos matriculados no ensino integral, das redes estadual e municipal, 4 são do Nordeste, diz a matéria);

“Cocal dos Alves: a cidade do interior do Piauí que conquistou quase 300 medalhas na Olimpíada de Matemática” (G1, 20/10/2024);

 “Nordeste lidera índices de educação; Pernambuco e Ceará são destaques” (UOL, 21/02/2023);

Convém destacar que não se trata de estabelecer disputas entre os estados – a luta não é por “exclusão”, é por “inclusão”. 

Cantador, não esqueça o mote, tem algo se movendo nas profundezas do Nordeste. 

*Ranking da empresa britânica QS World University Rankings (2024)

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Foto de Vandeck Santiago
Vandeck Santiago
Jornalista e escritor
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