Nordestino parece que nasce para protagonizar, chame-se Wagner Moura ou Uberlandio.
Este último, nascido em Bodocó, no Sertão pernambucano, recebeu o nome por indicação de uma tia, que disse “ter sentido no coração” que ele devia chamar-se assim. Conhecido na cidade natal como “Neguinho de Dunda” e como músico da banda de forró Malla Sem Alça (em Araripina, município vizinho), ele se mudou há quatro anos para um lugar a mais de 2.000 km de distância: Uberlândia. A cidade mineira, que já é alvo de intermináveis brincadeiras sobre “Uber em Uberlândia”, ganhou um personagem real: Uberlandio pega Uber em Uberlândia. Um dia, ao pegar um Uber, ele viu o motorista cair em uma crise de riso ao ver seu nome.
A história de Uberlandio acaba de ser notícia no G1 Triangulo (MG), e viralizou.
Trata-se de uma coincidência que mesmo um jornalista avesso a exageros tem de chamar de inacreditável. O cidadão nasce em Bodocó (ou em Pesqueira, minha terra natal; ou Caruaru, ou Recife, onde for) e recebe o nome “Uberlandio” – sem que isso tenha nada a ver com a cidade mineira ou com qualquer outro nome. “Minha tia escolheu em acordo com meus pais. Na época, era comum os parentes batizarem os sobrinhos. Ela disse que ‘sentiu no coração’ que esse deveria ser o meu nome”, contou Uberlandio Gomes dos Santos, em entrevista ao G1 Triângulo. “Nem meus pais nem minha tia sabiam nada sobre Uberlândia”.
Até os 10 anos ele não gostava do nome, preferia outro, com que as pessoas costumavam chamá-lo, “Neguinho de Dunda” (uma característica nordestina, de um nome composto indicando mãe ou pai – no caso, “Dunda” era referência ao seu pai). Depois de tudo isso, já adulto, você acaba indo morar em Uberlândia – e um dia um portal de notícias o descobre. “Hoje amo meu nome e também a minha cidade, Uberlândia”, diz ele. Em todo o país, segundo o IBGE, existem 288 Uberlandio – nenhum nascido em Uberlândia, só um nascido em Bodocó, e apenas este morando na cidade mineira.
Uberlandio tem uma trajetória marcada pela moradia em diversos lugares – o que nos remete a uma característica conhecida do Nordeste, a migração.
De Bodocó, ele saiu para viver em uma cidade vizinha, Araripina, onde trabalhou como músico da banda Malla Sem Alça. Em Araripina conheceu sua mulher, Jaciane Santos, e lá nasceram seus dois filhos, Marya Eduarda e Moisés Estevão.
Em seguida, após conversão religiosa, transferiu-se para o interior de São Paulo, onde fez o Seminário Teológico Batista do Caminho (STBC). Depois de concluir o seminário, ele e a esposa foram enviados pela Igreja para Uberlândia. “Eu me apaixonei pelo lugar. Quando você ama o lugar tudo flui, tudo acontece. Eu sempre falo, um coração grato se dá bem em qualquer lugar”, afirma ele.
Com 36 anos, Uberlandio Gomes dos Santos hoje é pastor, teólogo, músico e terapeuta.



