As divergências do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), com o superintendente da Sudene, Danilo Cabral (PSB), que foi exonerado nesta terça-feira (06/08), não são recentes. Tampouco são recentes as queixas de Elmano feitas ao presidente Lula em relação ao que considerava “demora” no financiamento da autarquia para a Transnordestina, cujas obras no trecho do Ceará devem ser concluídas até 2027. As críticas do governador também não eram realizadas sob reserva – eram públicas. Por fim: as discordâncias com a Sudene não se restringiam apenas à Transnordestina, mas igualmente a obras de esgotamento sanitário. O noticiário dos últimos dias sobre o caso informa que Elmano criticou a Sudene em 18 de julho passado, durante visita de Lula a trecho da Transnordestina, em Missão Velha (CE) – mas o fato é que as críticas já vinham de antes, e feitas de forma pública. No dia 30 de janeiro passado, por exemplo, ao participar de café da manhã com jornalistas do Ceará, em Fortaleza, ele foi bem explícito sobre a situação.
Disse que as negociações com a Sudene, para acelerar as obras no Ceará, demoraram cerca de um ano – e só chegaram ao fim depois que ele, Elmano, levou o problema para o presidente Lula. Anotem a data: 30 de janeiro de 2025. “É inaceitável ter que conviver com a situação que nós estávamos na Sudene”, afirmou Elmano aos jornalistas, segundo matéria do jornal cearense Diário do Nordeste daquele dia. (Suas críticas, segundo apurou o Blog do Vandeck, eram corroboradas pela empresa concessionária da obra, a TLSA.)
Na ocasião, Elmano se disse “solidário” à demanda de Pernambuco para investimentos no ramal para o Porto de Suape. “Mas não tem sentido algumas pessoas de Pernambuco agirem para impedir o investimento da Transnordestina no Ceará”, ressalvou, destacando a necessidade de o governo Lula “acelerar as entregas” sem ser impedido por “querelas políticas”. Afirmou ele: “O presidente está percebendo que tem que andar o país, tem que anunciar ações. É reduzir as querelas políticas e aumentar as entregas. No fim, nós somos avaliados pelas entregas à população”.
As divergências do governador Elmano com a Sudene não se restringiam à Transnordestina – neste encontro de 30 de janeiro ele reclamou que integrantes do Conselho da Sudene seriam contrários a financiamentos de obras de esgotamento sanitário. “E é obra de estrutura, é emprego, então não tem porque não financiar. Então, são temas assim que eu acho que a Sudene pode avançar mais”, afirmou.
TRANSNORDESTINA
As obras da Ferrovia Transnordestina estão divididas em duas fases. A primeira, com 1.040 km, em trechos principalmente do Ceará, tem conclusão prevista para 2027; a segunda, em trechos do Piauí, com 166 km, deve ser finalizada até 2029. O trecho de Pernambuco – de Salgueiro ao Porto de Suape – não faz mais parte da concessão. Está incluído entre os projetos do Novo PAC.
