Política e economia de Pernambuco e do Nordeste

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Correndo na chuva: Miguel Coelho e João Campos, em inauguração de obras no bairro do Torrões, em Recife (Foto: Edson Holanda/Prefeitura do Recife)

Corre, Miguel Coelho, corre

O ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (União Brasil) almeja ser candidato ao Senado. Vai precisar correr muito para garantir a vaga.

Neste sábado (28/06), no Recife, ele fez isso literalmente. Acompanhava o prefeito João Campos (PSB) na inauguração de obras de requalificação em ruas do Torrões, começou a chover e os dois puseram-se a correr para cumprir a programação. 

O evento em si faz parte de uma corrida maior – a de dar visibilidade a Miguel como aliado de João Campos na capital (onde ele, Miguel, ficou em 5º lugar na disputa para o governo, em 2022).  

Eleitores

Miguel tem uma liderança mais concentrada no Sertão do São Francisco, menor colégio eleitoral do estado (cerca de 7%) – precisa correr para ser visto e estender sua influência para outras áreas, sobretudo a Região Metropolitana, onde estão 45% do eleitorado. 

Miguel precisa correr para encontrar um discurso que não esteja centrado quase exclusivamente no indiscutível progresso de Petrolina – discurso insuficiente para uma disputa majoritária de nível estadual. Quero crer que, fora do Sertão do São Francisco, não funciona nem mesmo no “outro” Sertão, o das microrregiões Sertão do Moxotó, Sertão do Pajeú, Sertão Central, Sertão de Itaparica e Sertão do Araripe, que representa 11,5% do eleitorado estadual. Nos 49 municípios dessas microrregiões, na eleição para governador em 2022, ele perdeu em 39 e ganhou em 10 (sim, sabemos que há a questão do peso dos grupos políticos em cada local, mas ainda assim o resultado é digno de levar em conta). Resumindo: ele precisa falar “para fora de Petrolina”, no que já se empenhou muito em 2022 e tem tudo para avançar mais ainda no próximo pleito

Miguel precisa correr ainda para que sua agenda tenha sobretudo atos de interesse público e político, com repercussão no estado. Diferentemente de outros postulantes ao Senado, integrantes do arco de forças em que se encontra agora (como o ministro Silvio Costa Filho, do Republicanos, e o senador petista Humberto Costa), ele não ocupa cargo público. Terá de compensar essa desvantagem com o apoio de aliados e criatividade na preparação da agenda.

São duas vagas para o Senado – e só nesta matéria aqui já pudemos contar três. Como impedir a candidatura à reeleição de Humberto Costa, do mesmo partido do presidente Lula? Como fechar as portas a Silvio Costa Filho, ministro que tem feito tantas entregas, sendo por isso elogiado pelo próprio Lula?  

Há outro espaço, o da federação do PP do deputado federal Eduardo da Fonte com o União Brasil. Como se já não bastasse o fato de que Eduardo também é pré-candidato ao Senado e aliado da governadora Raquel Lyra (PSD), da qual Miguel é opositor, numa eventual aliança com algum grupo esta federação não teria como ficar com as duas vagas, só com uma. 

Para completar, devemos sempre cogitar a repentina entrada em cena de Sua Excelência, o Fato Novo.

Que pode vir, por exemplo, com a ida do PT estadual e de Humberto Costa para o palanque de Raquel, abrindo uma vaga no palanque de João Campos. Ou então com uma eventual disposição de Marília Arraes de ingressar na corrida pelo Senado. No caso de Humberto, a opção parece arriscada demais para ele. No caso de Marília, mais arriscada ainda, dado o caminho que ela começou a trilhar. Mas isso vendo tudo com os olhos de agora – quando Sua Excelência, o Fato Novo, entra na história embaralha tudo.

Qualquer que seja a hipótese considerada, porém, o fato é que o cenário para o Senado se apresenta muito complicado e com nomes demais para vagas de menos.

Ou seja: Corre, Miguel Coelho, corre…

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Foto de Vandeck Santiago
Vandeck Santiago
Jornalista e escritor
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