Espirituosa, sem a pompa que costuma marcar estes agradecimentos e com um refinamento que procura esconder-se na simplicidade.
Seu autor é o DJ Dolores, que acaba de lançar o livro Lugares para chorar no Recife e outros. O agraciado foi Cláudio Marinho, que postou a dedicatória em rede social, de onde reproduzi.
O tema do livro é um achado. Recife é uma cidade solar, característica que parece não combinar muito bem com choro.
Doce (e quente) ilusão.
Tenho um amigo que certa vez atravessou chorando (e escondendo o choro) toda a Av. Conde da Boa Vista, do Cinema São Luiz até a Praça do Derby. Em plena luz do dia, por ali onde os prédios não fazem sombra e a mãe não vê.
Este cidadão hoje é uma grande figura da cultura brasileira e evitarei dizer tanto o seu nome quanto a razão da dor que o afligia.
Mas onde entra a alusão a Antônio Maria, o grande cronista nascido no Recife? Foi Cadão Volpato (o próprio) quem chamou assim ao DJ Dolores.
Cadão e Bernardo Ajzenberg lançaram em São Paulo a coleção Seja Breve, de livros em pequeno formato (de 18 cm por 12 cm) e com poucas páginas (entre 80 e 150). Cadão tinha lido crônicas do DJ Dolores no Instagram – “Mas é o Antônio Maria do Manguebeat!”, julgou. Quando surgiu a editora, então convidou o DJ para ser um dos autores.
Há outros autores na mesma leva de lançamentos da Seja Breve. Entre eles, Eugênio Bucci, com “Que não se repita”, um romance misturado com ensaio sobre o governo Bolsonaro, e Fábio Altman, com “O Príncipe do Boxe”, sobre um precursor do boxe no Brasil (avô do autor), Waldemar Zumbano, que era comunista e, ao ser preso no Governo Vargas, ensinou os presos a lutar boxe.