Um ex-presidente (Jair Bolsonaro), três generais (Augusto Heleno, Braga Netto e Paulo Sérgio) e um almirante (Almir Garnier) começam a cumprir pena nesta terça-feira (25), por decisão do ministro Alexandre de Moraes (STF). Apesar da tradição intervencionista das Forças Armadas na história do Brasil, nunca generais sentaram no banco de réus, foram julgados e punidos por tentativas golpistas. A medida desta terça-feira, no STF, é também um golpe (sem trocadilhos) na tese de que as Forças Armadas são poder moderador no país, podendo intervir quando há crise.

Esta impunidade de militares golpistas é tema do livro Utopia autoritária brasileira: como os militares ameaçam a democracia brasileira desde o nascimento da República até hoje, lançado em maio passado pelo historiador Carlos Fico (UFRJ). Ele tem mais de 20 obras publicadas sobre o assunto e é o principal estudioso da ditadura militar de 1964 e da participação dos militares em nossa política. “Nunca houve qualquer punição”, diz ele, afirmando que nos casos em que começou a haver alguma ação judicial no sentido de punição “imediatamente veio uma anistia aprovada pelo Congresso”.
Em Utopia autoritária, Carlos Fico destaca que os militares causaram todas as crises institucionais do Brasil, a começar pela Proclamação da República em 1889.



