Quatro anos depois de ter sido excluído do projeto da Transnordestina, no governo Jair Bolsonaro (PL), o ramal pernambucano da ferrovia (de Salgueiro até o Porto de Suape) vai ter as obras retomadas. O anúncio da medida foi feito nesta sexta-feira (31/10), em Brasília, pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, que estava acompanhado do ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Da cerimônia participaram também, por videoconferência, do Recife, a governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito João Campos (PSB). O Diário Oficial da União desta sexta-feira publicou o primeiro edital de licitação para o recomeço dos trabalhos, compreendendo um dos quatro trechos da obra, o que vai de Custódia a Arcoverde, com 73 km de extensão. Outros três editais licitatórios, para os trechos restantes, serão lançados no próximo ano, segundo o governo federal. A previsão é que o ramal Pernambuco da Transnordestina esteja concluído em 2030.
“Hoje é um dia marcante para a história do desenvolvimento do Nordeste, temos Pernambuco novamente inserido na principal estratégia de crescimento da região, por meio da infraestrutura, com impacto direto especialmente nos estados por onde a Transnordestina passa”, disse Renan Filho na solenidade. Mais tarde, em entrevista à TV Globo, ele enfatizou a necessidade da obra em Pernambuco. “Como [é] que você vai trabalhar o desenvolvimento do Nordeste e você deixa Pernambuco de fora?”, indagou o ministro. “[Um estado] que tem uma população grande, tem um dos principais portos da região. Isso não tinha qualquer sentido econômico. Era quase como uma punição a Pernambuco”, completou.
A Ferrovia Transnordestina surgiu de uma solicitação feita ao candidato a presidente Lula pelo então governador de Pernambuco, Miguel Arraes, em 7 de dezembro de 1989 – é o próprio Lula quem conta esta história. Em 6 de junho de 2006, no discurso de lançamento da Transnordestina, em Pernambuco, Lula afirmou: “Foi aqui nesta região, que em 1989, o nosso saudoso governador Miguel Arraes, me disse: ‘Lula, se um dia você for eleito Presidente da República, pelo amor de Deus, faça logo essa Transnordestina, que é a redenção do Nordeste brasileiro’. O doutor Arraes não está vivo, não está entre nós, mas certamente ele tem muita responsabilidade por esta ferrovia.” (Veja aqui matéria do blog contando toda esta história: A história de como Lula só resolveu fazer a Transnordestina porque Arraes pediu.)
Este episódio foi relembrado por João Campos ao falar sobre a iniciativa do governo federal. “Hoje Pernambuco celebra um marco para sua história logística. A retomada das obras federais da Transnordestina, no trecho que vai de Salgueiro a Suape, é muito mais que uma obra de pedra e cal, do que a colocação de um dormente, de um trilho. A gente está falando de um sonho de fortalecimento da infraestrutura do Nordeste brasileiro. Uma ação direta do ministro Renan Filho e do presidente Lula para viabilizar a retomada da Transnordestina no trecho de Pernambuco”, afirmou o prefeito. “Isso representa um sonho de muitos anos. Certa vez o presidente disse que numa conversa em 1989 com Miguel Arraes, ele disse que era fundamental que Lula fizesse esse compromisso naquela candidatura de 89, e Lula fez questão de externar isso quando anos depois, presidente, iniciou a obra da Transnordestina”.
A governadora Raquel Lyra destacou também o papel do ministro Renan e do presidente Lula – com quem disse ter conversado pessoalmente para tratar do assunto. “Quando chegamos ao Governo, o trecho de Pernambuco da Transnordestina tinha sido retirado do contrato com a empresa privada. Mas nós fomos para a luta, numa grande mobilização da sociedade de Pernambuco, colocando esse tema como uma prioridade do nosso estado. Agradeço ao presidente Lula e ao ministro Renan, vamos continuar trabalhando para que essa obra seja retomada o mais rápido possível e, virando realidade, que a gente consiga fazer a conclusão até o Porto de Suape”, afirmou. “Conversei com o presidente Lula pessoalmente. Isso não é uma conquista individual, mas coletiva, porque parte do sonho de centenas de milhares de pernambucanos que sonharam com isso no passado e que não tiveram a oportunidade de ver uma obra como essa ser realizada. A gente faz parte desse sonho e dessa história. Hoje, o edital de licitação retoma a vocação logística do Nordeste brasileiro”.
								
											
				


